Profissional alerta sobre doença contraída em gruta de Campo Formoso-BA

GRUTAS

O biólogo André Vieira, que há 10 anos realiza visitações e estudos nas cavernas de Campo Formoso, publicou um texto para divulgar a ocorrência de quatro casos de histoplasmose em visitantes da Gruta do Convento (confira o texto). Os casos aconteceram no último dia 5 de abril, em uma excursão pedagógica de alunos e professores que teve supervisão do próprio André Vieira.

A histoplasmose é uma infecção respiratória causada por um fungo adquirido por inalação de esporos contidos em fezes de morcegos e de aves. Os quatro visitantes infectados foram tratados através de antibióticos específicos e se recuperaram da doença. O professor André concedeu uma entrevista exclusiva ao Taza.Com.Br e faz o alerta para a população e autoridades sobre a histoplasmose. Confira abaixo.

Você relata que a gruta estava com bastante água, o contato com a água dentro da caverna é que provocou a contaminação?

André: O fungo pode ocorrer em qualquer ambiente que tenha fezes de aves ou morcegos, desde que seja um ambiente úmido. Porém nesse caso que foi grande exposição foi devido ao contato com as fezes na água e a duração que ficamos dentro da água.

Então, quais os cuidados que podem ser tomados para não ocorrer casos como esses? Uso de botas, máscaras?

André: Em cavernas que são secas há pouco risco, pois a pequena quantidade de esporo é facilmente combatida pela imunidade do visitante. Em cavernas que já tem histórico de incidência melhor evitar ou ir acompanhado com profissionais. A utilização de mascaras é recomendado sim, o contato é por vias aereas não ocorrendo pela pele nem de pessoa pra pessoa.

A secretaria de saúde de Campo Formoso foi informada sobre os casos?

André: Ainda não foi informada, principalmente por que a confirmação definitiva que se tratava de histoplasmose saiu na última quinta-feira, mas é de fundamental importância que seja registrada essa notificação e que a população seja esclarecida. Além de tomar providências pra que tenha em estoque do antibiótico específico que combate a doença, já que estamos suscetíveis a essa infecção por abrigar um número grande de cavernas visitadas, e nos casos relatados aqui, os contaminados precisaram ir para outras cidades pois não tinha o medicamento indicado, nem em Campo Formoso nem em Senhor do Bonfim.

Você acompanhou a visita e mesmo com toda a experiência que tem os casos aconteceram, o que pode ter dado errado?

André: A visita era pedagógica e foi acompanhada por uma equipe de professores em que eu estava supervisionando, faço esse tipo de visita com alunos há quase 10 anos e esse foi a primeiras ocorrências, pegar a doença depende da imunidade de cada pessoa, e a gravidade da doença também depende da pessoa que contrair ela, ou seja, é preciso ter muito cuidado.   TAZA.COM

O que essa experiência vai trazer de mudança no forma de realizar as visitações nas grutas?

André: A principal precaução vai ser evitar a visita em épocas que a Gruta do Convento esteja alagada ou com muitas colônias de morcegos. As outras cavernas visitadas pedagogicamente, barriguda, angico e tiquara não sofrerão suspensão de vistas.