Médicos peritos do INSS voltam ao trabalho após quatro meses de paralisação mas mantém estado de greve

Apenas casos considerados prioritários serão atendidos pelos médicos da previdência

(Foto: Vander Batista/Varela Notícias)
(Foto: Vander Batista/Varela Notícias)

Após mais de quatro meses em greve, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) devem voltar ao trabalho na próxima segunda-feira (25). A greve começou no dia 4 de setembro do ano passado. Entretanto, a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), informou que será mantido o estado de greve e que os profissionais farão apenas o atendimento àqueles que ainda não se submeteram à perícia médica inicial.

Segundo a ANMP, não estão descartadas novas paralisações. Edrienne Teixeira, diretora da associação, afirmou que a partir de segunda-feira os médicos voltam, parcialmente, ao trabalho. “diante da insensibilidade do governo federal ao não propor nenhum acordo a carreira do perito médico, diante do corte de salário dos trabalhadores em greve e devido ao caos causando prejuízo a população, a categoria resolveu voltar ao trabalho atendendo as pessoas que nunca passaram por nenhum tipo de perícia como prioridade”, disse.

Segundo a ANMP, o atendimento não será normalizado enquanto não houver avanço nas negociações com o governo. “Serão atendidas pessoas que se afastaram do trabalho por conta de fraturas, cirurgias, câncer, doenças graves que estão sem receber remuneração e dependem disso para custear sua alimentação, sua medicação e outros gastos. Essas são pessoas são consideradas os casos prioritários”, explicou Edrienne.

A decisão de retornar ao trabalho foi tomada em assembleia geral extraordinária da categoria no último dia 16, conforme registra nota da ANMP divulgada à imprensa. “Os peritos médicos do INSS irão retornar aos postos de trabalho, em estado de greve, para manter apenas o atendimento essencial, ou seja, aqueles que ainda não se submeteram à perícia médica inicial. Os segurados que já se encontram amparados pelo benefício previdenciário têm seus direitos mantidos e deverão continuar recebendo”, diz o texto.

Em nota divulgada hoje, o instituto diz que o retorno dos peritos ao trabalho “permitirá ao INSS envidar esforços para uma rápida e completa regularização do atendimento à população, reduzindo o tempo de espera pela perícia médica e agilizando a conclusão dos processos represados”. Além disso, o INSS informa que os direitos dos segurados e os efeitos financeiros dos benefícios concedidos retroagem à primeira dada agendada, mesmo que a perícia médica tenha sido remarcada durante a paralisação.

Conforme estimativa divulgada pelo INSS no início deste mês, mais de 1,3 milhão de perícias deixaram de ser feitas desde o começo da greve.

Entre as reivindicações dos profissionais está o aumento salarial de 27,5%, em no máximo duas parcelas anuais, a efetivação em lei da redução da carga horária de 40 horas para 30 horas semanais, a recomposição do quadro de servidores e o fim da terceirização da perícia médica, com retorno da exclusividade da carreira médica pericial.

Em nota divulgada no início do mês, o Ministério do Planejamento informou que o governo apresentou, em ofício enviado à Associação dos Médicos Peritos no dia 8 de dezembro, proposta que abrange a maioria dos pontos exigidos na mesa de negociação. De acordo com o ministério, os termos do acordo encaminhado aos peritos médicos incluem os mesmos itens oferecidos às demais categorias do funcionalismo, como reajuste de 10,8%, a ser pago em duas vezes, e reajuste dos benefícios sociais.