Enem: erros mais comuns na prova são pistas para assuntos a ser priorizados

Para professores, os candidatos têm que saber os assuntos que costumam cair, mesmo que com pouco aprofundamento

GENIUS-X

A menos de duas semanas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), muitos candidatos ainda buscam estratégias de preparação para garantir pontos extras na prova. Segundo especialistas consultados pelo CORREIO, uma das apostas que podem dar certo é concentrar esforços nas disciplinas que mais complicam a vida dos estudantes.

Caso você esteja entre os candidatos que não se dão bem em Física, Matemática e Química, as três disciplinas – na ordem – com menores taxas de acerto no exame entre 2009 e 2014, uma dica: priorizar os assuntos mais recorrentes sobre elas pode garantir a sonhada vaga na universidade.

O estudante Richard Ruan Barreiro, 17 anos, é um dos que consideram matérias de exata como bichos-papões. “Tenho muita dificuldade. Minhas notas são maiores em humanas”, conta ele, que pretende dar mais atenção aos seus pontos fracos. O desempenho dos estudantes, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) e analisados pelo aplicativo AppProva, mostra que as taxas de acerto em  Física, 26%, Matemática, 29%, e Química, 26%, é mesmo baixo na média entre 2009 e 2014. Se analisar apenas 2014, as médias caem ainda mais: 25%, 25% e 27%, respectivamente.

Minimamente
Para o professor de Física e Matemática do Oficina Pré-Vestibular Mateus Lordelo, os candidatos têm que saber os assuntos que costumam cair, mesmo que com pouco aprofundamento. “Como eles não sabem quais assuntos serão cobrados, têm que estudar para conseguir responder minimamente porque os assuntos tidos como mais difíceis podem aparecer nas questões mais fáceis também”, cita. Como professor das duas disciplinas, ele reconhece que Física é a mais temida no ensino médio. “O estudante não consegue interpretá-la no dia a dia e é isso que a prova cobra”, comenta.

O professor faz relação semelhante à rejeição de muitos com a Matemática. “Tradicionalmente, o conteúdo apresentado é muito afastado do cotidiano, à base de fórmulas. O aluno criou resistência”.

Dificuldades
A estudante Thereza Mutti, 17, fez quatro simulados para o Enem deste ano, no Colégio Vitória Régia, onde cursa o 3º ano. Segundo ela, em todos eles suas médias nas áreas de Ciências da Natureza e Matemática foram maiores do que nas demais.

Embora goste dessas áreas, Thereza também sente dificuldades em alguns assuntos de Matemática como geometria plana e espacial. “Além disso, tenho problemas com trigonometria porque tem várias fórmulas e a necessidade de interpretação é maior”, explica ela. Já Richard conta que “trava” em questões envolvendo logaritmo, função exponencial e de 2º grau.

Quem também sente dificuldades nesta disciplina é a estudante Maria Clara Furtado, do 2º ano no Colégio Integral. “É o meu bicho-papão, me desestabiliza. Sou de uma cidade do interior e tenho algumas dificuldades em Matemática básica”, conta ela, que morou em Morro do Chapéu, no Centro-Norte do estado, onde não teve uma boa preparação nos primeiros anos de estudo.

O que priorizar
Ainda conforme o levantamento, os conteúdos com menos acertos em Matemática foram escalas, com apenas 18,7% de acerto, função do 2º grau, com 19,4%, e sistema de equações, com 20,7%. Em Física, os alunos acertaram somente 19,7% das questões de dinâmica e em Química, os assuntos com menos acertos foram equilíbrio químico (21,1%) e estequiometria (21,6%).
Além disso, o estudo também elenca as dez questões mais erradas no exame, sendo nove delas de exatas. Em 2014, entre os conteúdos das questões mais erradas de Matemática estavam ainda razão e proporção (item envolvendo escalas), sólidos de revolução e estatística. Diante disso, surge a pergunta: o que priorizar para conseguir uma boa nota no exame?

Por causa da Teoria de Resposta ao Item (TRI), as questões mais fáceis são as que os alunos precisam se dedicar ao responder a prova. “Se o aluno acerta as mais difíceis e erra as mais fáceis, a teoria entende que foi chute. É preciso priorizar as questões que tem chances de acertar porque se ele fica muito tempo fazendo as difíceis e deixa de fazer as fáceis, que acertaria, será penalizado na nota”, detalha Paulo Ribeiro, diretor pedagógico do Grupo Bernoulli.

Reta final
Thereza tem o costume de começar a prova pelas questões que sabe responder com mais tranquilidade. “Deixo as mais difíceis por último porque se eu não conseguir fazer, eu chuto”, explica. Mesmo assim, isso não significa que o aluno deve abandonar o conteúdo que não sabe. Segundo Ribeiro, deve haver um preparo antes da prova nos assuntos em que se tem menos conhecimento, especialmente nessa reta final de preparação.

Ainda segundo Ribeiro, a estratégia da aluna de dar destaque à Matemática é uma excelente forma de aumentar a nota devido ao desvio padrão da TRI, que relaciona a chance de acerto com a proficiência do aluno. “A média de acertos dessa matéria no Brasil é muito baixa, então quem acerta mais nela consegue alcançar uma nota mais alta. Em Português, não é tão fácil se destacar. Quando o aluno acerta 90% de Matemática, ele vai subir muito a nota. Já quem tira o mesmo percentual em Português não se distancia tanto da média geral”, conclui.

Fonte: correio24horas