Cliente indignada publica em sua página no facebook caso de humilhação em hipermercado em Petrolina

A cliente Rozani Alves Costa, se viu indignada com seguranças do hiperbompreço a um menor de idade no Shopping Center na cidade de Petrolina-PE e resolveu publicar em sua página na rede social. Até o momento da nossa publicação mais de 2.400 pessoas já haviam compartilhado o texto. Confira a baixo um trecho do desabafo da cliente:

“A DIGNIDADE CUSTA UM PACOTE DE FEIJÃO NO HIPER BOMPREÇO DE PETROLINA/PE

Vivi ontem, dia 23/02/2013, uma fato que me deixou indignada, uma atitude de desrespeito, ignorância e má preparação profissional dos funcionários e da equipe do supermercado mencionado no título. A pessoa ofendida não fui eu, mas a natureza do problema e a minha interação com o ocorrido não me permitem ficar calada diante desse absurdo.

Estava com minha filha ontem e realizamos uma compra de alguns itens de alimentação e limpeza para nossa residência, enquanto aguardávamos na fila, fomos abordadas por um jovem de aparência humilde com aproximadamente 15 anos, que com educação descrição e um certo receio, me pediu que lhe comprasse um pacote de feijão.

Isso mesmo, um simples pacote de feijão, não me pediu dinheiro, não me pediu futilidades, não fez apelos, nem veio com frases prontas apelativas, apenas pediu um pacote de feijão, disse, inclusive, que iria buscar para que eu não tivesse que deixar a fila. Eu o encarei por alguns instantes e enxerguei fome, desespero, medo, humildade, enxerguei uma pessoa vítima de uma sociedade que no auge de sua ausência de perspectiva recorreu a um estranho para lhe prover o que um sistema público eficiente deveria assegurar a todos.

Eu concordei e ele agiu prontamente, foi até o corredor, buscou o feijão e retornou rapidamente, nem sequer escolheu um dos tipos mais caros ou de marcas mais consagradas, pegou um modelo simples, tradicional, tipo aquele que nossa mãe manda comprar quando não temos muito dinheiro, sei porque passei por isso na minha infância.

Foi o primeiro item a passar na minha lista, como demonstra o comprovante que demonstro acima. Tão logo foi feito o registro a empacotadora colocou o produto numa sacola e o entregou ao garoto.
Quando encerrou-se o registro das minhas compras, às 15h32min, realizei o pagamento, e enquanto terminávamos o empacotamento vi a moça que me auxiliava no caixa interceder numa situação um pouco distante dizendo “não façam isso, foi a moça aqui que pagou o feijão dele”, prontamente me atentei para o ocorrido e então percebi o absurdo: quando tentava sair do supermercado, pelo corredor de caixas, com o item na sacola, o segurança lhe tomou o produto, mandou que uma funcionária devolvesse à prateleira e o tangiam como quem tenta afastar um bicho ameaçador. Uma senhora que estava na minha frente na fila do caixa tentava explicar o ocorrido, mas não era ouvida pelos funcionários grosseiros e intolerantes. Enquanto isso o pobre garoto se silenciava diante do constrangimento, acuado num canto sem saber o que fazer ou para onde ir.Dei de encontro com a funcionária que retornava com o feijão e imediatamente ORDENEI, sim ordenei aos gritos, que a mesma retornasse imediatamente e devolvesse o produto ao rapaz, pois eu havia realizado o pagamento.

E assim começou a confusão e a sucessão de absurdos que só pioraram a situação. A moça devolveu o produto ao rapaz e o mesmo rapidamente se foi sem que percebêssemos ou que um pedido adequado de desculpas lhe fosse ofertado.O segurança informou que a medida fora tomada porque ele estava sem o recibo, porque estava importunando os demais clientes e porque estava andando pela loja com produtos na mão há algum tempo com aparência suspeita.

Ora, nada disso justifica a conduta, primeiramente, não encontraram nada escondido no rapaz, quanto ao recibo, não lhe deram a chance de explicar que eu havia pago, não procuraram explicações e nem me questionaram, antes de tomar medidas mais radicais. Ora, o produto estava em uma sacola e o garoto saia do corredor de caixas, tudo isso são indícios de que o pagamento havia sido realizado, por quem quer que fosse, mas nada disso foi levado à conta. O interessante é que frequento aquele estabelecimento há anos e nunca me pediram para verificar um produto sequer, nunca tive minha nota solicitada, nunca, assim como muitos outros acredito eu.Outro funcionário logo se aproximou ao ver a confusão e informou que esse era o procedimento padrão, mas que padrão esse para se adotar!?! Então com meu carrinho cheio de mercadorias sugeri que, em cumprimento ao procedimento padrão, o mesmo verificasse item por item na nota se eu também não estaria subtraindo nada, pois saí do mesmo corredor que o garoto sem apresentar recibo, mas o mesmo informou que isso não seria preciso pois eu “era diferente”.

“Diferente”, um conceito meio complexo, já que acredito que sejamos todos diferentes, mas a minha falta de ingenuidade me fez concluir exatamente o que ele quis dizer, então solicitei que explicasse claramente, mas adverti-lo de que isso era discriminação, preconceito e até mesmo crime, acredito eu. Então ele ficou sem palavras, não soube mais o que dizer, não tinha mais o que dizer, enquanto nós, que demos uma voz àquele menino, esbravejávamos indignadas e um público já bastante grande, atento ao que era dito, questionava.(…)

Seguranças, supervisores, responsáveis pela administração, todos tentado justificar o injustificável. Mas a explicação é simples: discriminaram, taxaram, suspeitaram, acusaram e condenaram o rapaz sem uma chance de explicações ou defesa”.

Rozani Alves Costa

Central de Jornalismo da Voz do São Francisco