Viúvas de militares protestam contra projeto de lei que altera pensão na Bahia

Viúvas de militares protestam contra projeto de lei que altera pensão na Bahia

Viúvas dos militares estaduais que faleceram desde janeiro de 2022 vão realizar um protesto contra o Projeto de Lei 24.532/2022, que estabelece regras para a concessão dos benefícios de pensão de militares baianos, na quarta-feira (27), durante uma audiência pública da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba). Elas argumentam que o governo determinou que todos os requerimentos administrativos de pensão por morte fossem suspensos, alegando a “inexistência de lei permissiva” para concessão do benefício.

“Apesar dos militares terem contribuído para previdência estadual por longos anos, hoje suas viúvas, filhos e demais dependentes encontram-se desamparados pelo Estado da Bahia. Estima-se que mais de 200 famílias de policiais militares convivem atualmente com total descaso e abandono, passando por dificuldades financeiras, diante da omissão estadual”, diz nota divulgada pela Associação dos Oficiais Militares Estaduais da Bahia (Força Invicta).

A associação aponta que são quase oito meses de espera pelo julgamento do requerimento de pensão por morte, por parte de viúvas, filhos menores e demais beneficiários de policiais militares falecidos este ano. “Sem qualquer perspectiva de análise destes processos, estamos sofrendo muito. Atualmente, conto com a ajuda de parentes e amigos para me alimentar, comprar medicamentos e pagar as demais despesas para conseguir sobreviver”, relata Avani de Jesus, uma das viúvas que ainda não recebeu o benefício desde fevereiro.

Segundo a associação, o Estado alega que a motivação para suspensão dos processos administrativos é por conta da tramitação deste Projeto de Lei, que embora não tenha sido votado ainda, pode ser incluído na pauta de votação na Assembleia Legislativa a qualquer momento.  “Precisamos unir forças com o objetivo de impedir os impactos que podem surgir se o projeto for aprovado”, ressalta o presidente da Força Invicta, tenente-coronel da Polícia Militar Copérnico Mota.

O Governo do Estado informou, por meio de nota, que enviou projeto de Lei à Assembleia Legislativa voltado à regulamentação das pensões militares a partir de 1º de janeiro de 2022, data na qual terminaria a vigência da prorrogação permitida pelo art. 26, da Lei Federal n° 13.954/2019, que possibilitava a aplicação da legislação anterior, até o último dia de 2021.

“É importante destacar que o Estado da Bahia está impossibilitado de aplicar a legislação federal, por exigência da citada Lei Federal, que inseriu o art. 24-D no Decreto-Lei n° 667/1969, de acordo com parecer PA/NPREV n° 509/2021, da Procuradoria Geral do Estado”, explicou a Secretaria de Administração do Estado da Bahia (Saeb).

A pasta destacou que a pauta para concretização da Lei, que estava programada para votação no dia 12 de abril deste ano, foi travada por efeito de liminar judicial impetrada pela Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia (Aspra). Em função disso, o Governo encaminhou um novo PL, no dia 31 de maio, e espera que, com isso, a pauta possa ser votada para que as pensões sejam concedidas.

Leia a nota do Governo do Estado na íntegra:

O Governo do Estado enviou projeto de Lei à Assembleia Legislativa, voltado à regulamentação das pensões militares, a partir de 1º de janeiro de 2022, data na qual terminaria a vigência da prorrogação permitida pelo art. 26, da Lei Federal n° 13.954/2019, que possibilitava a aplicação da legislação anterior, até 31/12/2021.

É importante destacar que o Estado da Bahia está impossibilitado de aplicar a legislação federal, por exigência da citada Lei Federal, que inseriu o art. 24-D no Decreto-Lei n° 667/1969, de acordo com parecer PA/NPREV n° 509/2021, da Procuradoria Geral do Estado.

Para surpresa de todos que esperavam pela concretização da Lei, haja vista a imperiosa necessidade de resolução da falta de lastro legal para concessão de pensões militares cujo óbito ocorreu a partir de 01/01/2022, a pauta, que estava programada para votação no dia 12/04 do ano corrente, foi travada por efeito de liminar judicial impetrada pela ASPRA.

A perplexidade decorre, sobretudo, em razão do PL apresentado pelo Executivo somente trazer vantagens para os militares baianos, na comparação com as regras de concessão de pensões dos civis e aplicadas aos militares até 31/12/2021, dentre elas:

– O valor da pensão militar é fixado em 100% da remuneração do policial ou bombeiro, enquanto que esse percentual para o civil parte de 50% com acréscimo de 15% a depender da quantidade de dependentes; O rateio da pensão militar é feito em cotas partes iguais e quando um dos beneficiários perde a condição de dependente, o valor é redistribuído – no caso dos civis não existe essa reversão.

No entanto, em função da liminar judicial, o Governo encaminhou novo PL, no dia 31/05/2022, e espera que, com isso, a pauta possa ser votada para que as pensões sejam concedidas.