Record cria deserto cenográfico para gravar José do Egito

Nada como um dia de sol forte para reproduzir bem o clima desértico de José do Egito. A trama da próxima minissérie bíblica da Record se passa, em sua maior parte, em regiões áridas. E, durante as gravações na cidade cenográfica, era possível identificar essa característica. Não só pelo calor, mas pelos elementos distribuídos no local. Havia muitas tendas espalhadas; animais, como vacas e cabras, em suas cercas repletas de palha; figurantes que faziam objetos de argila com as mãos, além do figurino pesado do elenco. Tudo recriava a vida de um acampamento no deserto 2000 anos antes de Cristo.

“De certa forma, o clima quente ajuda, compõe a favor. Só não pode estar um calor insuportável”, analisa Alexandre Avancini, diretor da produção, que se preocupa, em primeiro lugar, com o bem-estar de seus atores.

“Todo o nosso elenco tem stand in para fazer a marcação de luz e, assim, não derreter a maquiagem, além de estar inteiro na hora de gravar a cena”, revela.

Record cria deserto cenográfico para gravar José do EgitoPara os atores, a atmosfera seca e quente só contribui.

“A gente tem uma identificação imediata. Entrar no ‘set’ nos ajuda muito para fazer a composição dos personagens e das relações entre eles”, assegura Caio Junqueira, que encarna Simeon.

Na sequência gravada, José, que na fase jovem é interpretado por Rick Tavares, é nomeado pelo pai, Jacó, personagem de Celso Frateschi, como seu sucessor. Para selar o ato, o filho ganha uma tnica de seu progenitor, que avisa ao jovem que ele fará, a partir de agora, todo o serviço pesado, além de aprender a ler e a contar. A atitude, no entanto, deixa todos os outros filhos revoltados.

“Mas esse é um direito do primogênito”, diz Guilherme Winter, interpretando Rubem.

Antes da gravação, os atores ensaiaram seus textos e marcações algumas vezes, sempre debaixo de um grande difusor para amenizar a luz do sol em cima deles. Avancini acompanhava de perto cada fala, sem deixar de atentar para pequenos detalhes.

“Depois a gente acerta o fio da câmara porque o pessoal está no sol. Vamos concentrar, é uma cena longa”, pedia o diretor.

A mesma cena era repetida algumas vezes, de ângulos diferentes. A câmara quase nunca ficava parada. Ou captava as imagens em cima de um carrinho em movimento ou presa por uma grua controlada por controle remoto.

“As câmaras e as lentes dão um diferencial que se nota de imediato, trazem uma excelência de imagem de cinema americano”, assegura Avancini, que adotou pela primeira vez o uso de câmaras Arri Alexa, as mesmas utilizadas em produções como Game Of Thrones, Hugo Cabret e Os Vingadores.

Mas, por mais cuidados que a direção tenha, o imponderável sempre pode acontecer. Volta e meia, a gravação precisava parar porque um avião passava fazendo barulho. Ou então, alguma vaca mugia no meio da cena. Em um momento, inclusive, a interrupção do bicho foi, de certa forma, propícia e arrancou gargalhadas na cidade cenográfica. Quando Celso Frateschi errou o texto pela quarta vez, coincidentemente, um dos animais presentes no cenário emitiu um som alto, como se estivesse reclamando com o ator, que prontamente se desculpou:

“Está bem, vou acertar!”.

Depois, a criança que estava no colo de Carla Regina, que interpreta Bila, começou a chorar incessantemente. Mais uma vez a gravação foi interrompida e o pequeno foi substituído, temporariamente, por um boneco.

“Tem coisas que são mais importantes que o roteiro, uma delas é o bem-estar de uma criança. A gente faz os planos gerais com o boneco e tenta, ao máximo, poupar a criança”, frisa Avec.

“Isso tudo faz parte do processo industrial de cinema americano que eu tento imprimir, no sentido da organização”, pondera o diretor.