Mães de duas vítimas de assassinato, em Juazeiro, cobram justiça para os crimes e apontam filho de vereador como mandante

Os jovens Clésio Alves, de 23 anos e Pedro Henrique, de 21 anos, foram assassinados nos dias 16 de janeiro e 14 de março, respectivamente, em Juazeiro. Fotos arquivo pessoal

Mães de jovens assassinados entre os meses de janeiro e março deste ano no município de Juazeiro, no Norte da Bahia, em contato com nossa redação, pediram justiça para os crimes, cobrando a prisão dos envolvidos, principalmente da pessoa apontada como mandante dos assassinatos.

De acordo com Gilvânia e Rafaela Castro, as investigações da Polícia Civil apontaram que um homem identificado como Manoel Luiz dos Santos Neto mandou assassinar os jovens Clésio Alves, de 23 anos e Pedro Henrique, de 21 anos. O acusado é filho do vereador Amadeus (PP) e até o momento não foi preso.

Clésio foi assassinado no dia 16 de janeiro, no bairro Tabuleiro. Gilvânia, mãe do jovem, relatou ao PNB sua revolta e sofrimento diante da impunidade.

“Meu filho foi assassinado por um adolescente, a mando do filho de Amadeus, o Manuel. Na época o acusado chegou a ser preso, mas foi solto 54 dias depois. A Polícia tem todas as provas, inclusive áudios onde o suspeito assumia que mandou matar meu filho. Os celulares foram para Salvador e até agora não retornou para a perícia. O Manuel foi denunciado pelo promotor e o processo está na vara do júri, no fórum. Ele está solto, e meu filho está no cemitério. Ele deixou meu neto órfão e muito sofrimento para toda a família. Está tudo em silêncio. Ninguém sabe desses crimes que estão acontecendo porque se trata de gente com influência envolvida. As pessoas tem medo, mas eu não posso me calar pelo meu filho. Está difícil, estou em depressão e quero respostas”.

Ainda de acordo com Gilvânia, o acusado também responde por outros dois processos por tráfico de drogas.

“No dia em que ele foi preso por mandar matar meu filho, a polícia encontrou com ele diversas drogas. Além disso, ele já havia passado oito meses preso por tráfico de drogas e responde a outros dois processos por tráfico. Ainda assim, ele continua solto. Ele me matou também. Não tenho mais vida, estou deprimida. Meu neto tem apenas 04 anos e chora todo dia pelo pai. Eles não podem está comandando em Juazeiro. Nós vivemos em uma sociedade livre. A gente não pode viver oprimido pela criminalidade. Eu não vou me calar, vou lutar até o fim”, acrescentou.

Outro crime que também teria sido a mando de Manuel aconteceu no dia 14 de março, quando outro jovem foi brutalmente assassinado na cidade. Pedro Henrique Souza Cruz, de 21 anos, foi morto com disparos de arma de fogo na residência da namorada, no bairro Coréia. De acordo com as investigações, o autor do crime foi um adolescente,  cunhado da vítima.

Rafaela, mãe de Pedro Henrique, também cobra justiça e afirma que o filho foi vítima de uma “armação” do filho do vereador.

“O meu filho era um jovem de 21 anos, funcionário público. Um jovem com sonhos a serem realizados e que foram interrompidos por um meliante que já tem várias denúncias, com provas concretas. Portanto, quero solicitar agilidade no caso do meu filho, pois o celular dele foi enviado para perícia em Salvador e até hoje não retornou. Eu sei que no celular dele encontraremos também provas referente a isto. Outra coisa, todos os depoimentos dos membros da residência onde meu filho foi assassinado se contradizem e relatam inverdades. Eu estou acompanhando toda a investigação e sei que a equipe do DHPP é muito eficiente, mas aos meus olhos, precisam agilizar o inquérito e dar uma resposta para o caso. Sou uma jovem mãe que teve que parar no tempo por uma crueldade sem tamanho. Estou em busca da resposta, pois sou uma cidadã, que pago impostos, e luta para viver de forma correta. Peço e imploro, humildemente por ajuda, pois acredito na justiça e não quero deixar de acreditar”.

O Ministério Público já denunciou Manuel Luiz dos Santos Neto, acusado pela morte de Clésio Alves, e aguarda marcação da audiência pela Justiça.

De acordo com informações obtidas pelo PNB, o Inquérito Policial que investiga o assassinato de Pedro Henrique, ainda não foi concluído. O MP aguarda conclusão para adotar as providências cabíveis.

O Preto no Branco está tentando contato com o Delegado Thyago, que assumiu as investigações, após a morte da delegada Adelina Castro, que vinha apurando os crimes. Até o momento não obtivemos respostas.

Estamos buscando contato com a defesa de Manoel Neto.

Da Redação PRETO NO BRANCO