Doença cardíaca silenciosa pode causar a morte

Doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são uma preocupação mundial. A taxa de mortalidade prematura, até os 70 anos, por efermidades como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC) é de 255 a cada 100 mil habitantes, segundo dados do Ministério da Saúde. O Sistema de Informação de Mortalidade registrou que 72% do total de óbitos no Brasil em 2009 foram ocasionados pelas DCNT, representando mais de 742 mil mortes por ano. No mundo, este percentual foi de aproximadamente 63%, em 2008. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, com cerca de 7,3 milhões/ano de mortes, segundo a World Health Organization.

No Distrito Federal, em 2010, foram registradas 1113 mortes por doenças cardiovasculares e AVC, das quais 542 eram mulheres. Em 2011, de janeiro a julho, 756 morreram pelos mesmos fatores, 361 delas ocorridas em mulheres e 395 homens, de acordo com dados da Secretaria da Saúde do DF.

Entre as doenças cardiovasculares encontra-se a estenose aórtica, que pode ocasionar morte súbita aos pacientes. “Em estágio grave da doença, o paciente tem em média 3 anos de vida”, afirma o cardiologista do Hospital do Coração do Brasil, Dr. Wing Carvalho Lima. A Estenose aórtica é caracterizada pelo estreitamento da última válvula do coração, que liga o ventrículo esquerdo e a aorta. A redução da abertura da válvula, prejudicada pela doença, faz com que o fluxo de sangue não seja bombeado de forma completa.

O maior dano causado pela doença é a diminuição do fluxo de sangue, que gera um esforço maior do músculo miocárdio para realizar a contração, responsável por bombear o sangue, distribuindo-o para o corpo. Assim, os músculos cardíacos tornam-se mais rígidos e espessos, aumentando o tamanho do coração da vítima e gerando casos de insuficiência cardíaca. O aumento do coração, aliado à sua dilatação, leva a um desgaste maior de recursos energéticos, como o oxigênio e glicose, o que causa danos ao paciente.
As vítimas mais frequentes da doença são os idosos, pois sua principal causa é o fator degenerativo. Com o processo natural de envelhecimento, a válvula sobre uma calcificação. Segundo Wing, a doença ocorre principalmente em pessoas com mais idade, porém alguns fatores podem influenciar seu aparecimento: tabagismo, pressão alta, colesterol alto e causas genéticas.
Os principais sintomas são dor no peito, fadiga, falta de ar, dificuldade ao fazer exercícios e desmaios. “O paciente vive décadas com a doença sem apresentar nenhum sintoma. Quando estes começam a aparecer, o paciente é encaminhado para cirurgia, pois o quadro já está avançado e correndo sérios riscos de morte”, comenta o especialista.

A doença pode ser diagnosticada através de uma ausculta feita pelo estetoscópio. A dificuldade de bombear o sangue gera um sopro cardíaco, ou um som anormal. “O primeiro exame é a ausculta, acompanhada do histórico clínico e comportamental do paciente”, comenta Dr. Wing. Entretanto, o diagnóstico preciso pode ser conseguido pelo Ecocardiograma, que possibilita ver o fluxo sanguíneo e a anatomia cardíaca por meio da ultrassonografia.

Apesar do tratamento ser clínico e a base de medicamentos, nos casos mais graves a cirurgia de substituição da válvula é o mais indicado. “A cirurgia é feita preferencialmente antes que ocorra uma lesão irreparável no coração”, explica o médico. A válvula substituta pode ser mecânica ou produzida a partir de uma válvula suína. “O acompanhamento periódico de um cardiologista é essencial para o bem estar do paciente, pois doenças como a Estenose aórtica, que não apresentam sintomas, podem ser fatais caso não sejam diagnosticadas”, conclui Wing.