Datafolha aponta crescimento, empate com o Flamengo e torcida de rivais pelo Corinthians

Foram feitas 2.588 entrevistas, em 160 municípios brasileiros, com pessoas com 16 anos para cima e a margem de erro é de dois pontos percentuais

Bom dia, senhoras e senhores leitores desse Olhar Crônico Esportivo. Preparem os dedos, posicionem seus teclados, mas, por favor, desarmem os espíritos: no ar, mais um post sobre uma pesquisa a respeito de torcidas.

Lembrando, como sempre, que esse blogueiro não faz pesquisa, apenas transmite a vocês os resultados que os institutos encontram em seus trabalhos.

Esse post é baseado em matérias do jornal Folha de S.Paulo, publicadas nesta sábado (15), e que têm por base pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha na última quinta-feira, 13 de dezembro de 2012.

Foram feitas 2.588 entrevistas, em 160 municípios brasileiros, com pessoas com 16 anos de idade para cima e a margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Como o instituto ainda não liberou o trabalho para outros veículos, esse post não contém tabelas e informações adicionais. Embora curto, vou dividi-lo em duas partes: uma sobre o Mundial de Clubes e a outra sobre o tamanho e evolução das torcidas brasileiras.

Rivais se dividem na torcida no Mundial de Clubes

Preparem os corações para o primeiro choque:

– 35% dos são-paulinos torcerão pelo Corinthians amanhã e 38% pelo Chelsea;

– 30% dos palmeirenses também torcerão pelo Corinthians e 36% pelo time inglês;

– 46% dos santistas torcerão pelo rival alvinegro contra 31% a favor do Chelsea;

– 40% dos torcedores, considerando todos os clubes, torcerão pelo Corinthians contra somente 14% a favor do Chelsea.

Como diz o Galvão Bueno, para a maioria dos torcedores o Corinthians será o Brasil amanhã, como já o foram o Santos, o Internacional e o São Paulo, para ficar somente nesse século.

Esses resultados não são tão surpreendentes, pois a maioria dos torcedores tem uma visão e um comportamento menos radical em relação aos rivais. Isso, inclusive, é mostrado quando se pesquisa a rejeição das torcidas a marcas de patrocinadores. No dia em que a pesquisa foi feita, quinta-feira, passei por um dos grandes shoppings de Ribeirão Preto à tarde e vi grande número de pessoas com camisas do Corinthians – que na véspera vencera o Al-Ahly – e do São Paulo – que na véspera conquistara a Copa Sul Americana. Detalhe interessante e agradável: muitos torcedores dos dois times andando juntos, conversando, rindo, se divertindo, apesar de – ó, pecado mortal – estarem vestindo camisas rivais.

O que é interessante nesse momento é que o índice de apoio ao Corinthians no Mundial é maior que o que foi registrado na véspera da conquista da Copa Libertadores, também nesse ano, quando somente 25% dos são-paulinos e 37% dos santistas declararam torcer a favor do rival contra o Boca Juniors. A posição dos palmeirenses foi quase igual à atual: 31% a favor.

Essa tendência de apoio ao Corinthians no Mundial repete-se, segundo o jornal, nas demais grandes torcidas, exceto a do Grêmio – 25% dos gremistas declararam torcer para o Chelsea e 23% para o Corinthians.

A torcida com maior índice de apoio ao Corinthians – impressionantes 63% – é a do Fluminense.

Em relação à conquista do título, 36% dos torcedores de todo o Brasil que foram entrevistados acreditam na conquista corintiana, exatamente o dobro dos 18% que apostam no time inglês. Entre as torcidas, a que mais acrediita na conquista pelo Chelsea são os são-paulinos, com 45% (contra 30% que apostam no Corinthians). Palmeirenses, santistas e gremistas também acreditam mais na vitória dos blues, enquanto as demais apostam na vitória corintiana.

Crescimento no total de torcedores

Agora vem o segundo choque, em especial para os torcedores rubronegros.

Pela primeira vez desde que essas pesquisas começaram a ser feitas pelo Datafolha, em 1993, a torcida corintiana atingiu a marca de 16% em todo o Brasil. O título da matéria da Folha de S.Paulo diz “Tendência de crescimento de corintianos é mantida”, considerando as pesquisas a partir do retorno do time para a Série A do Brasileiro, em 2009.

A pesquisa apontou o mesmo índice – 16% – para a torcida do Flamengo, deixando as duas torcidas empatadas em tamanho.

O jornal divulgou alguns outros dados, como por regiões. No Nordeste o Flamengo tem 22% de preferência contra 12% do Corinthians. Os rubronegros também tem boa vantagem no Norte e Centro-Oeste: 23% contra 13%, mas perdem por boa margem no Sudeste, que é a região mais populosa do Brasil: 13% contra 20%. A região Sul não foi citada na matéria, mas tão logo o instituto libere os dados postarei a respeito, com mais informações.

Em terceiro lugar na preferência dos brasileiros segue o São Paulo, com 9% dos torcedores, em quarto oPalmeiras com 7% e em quinto lugar o Vasco da Gama com 5% da preferência dos brasileiros.

Tão logo a pesquisa seja liberada, como já disse, voltarei a ela de forma mais completa.

Um comentário sobre esse e outros resultados de pesquisas anteriores

Uma pesquisa é um retrato, uma imagem congelada de um dado momento de uma sociedade pesquisada. Como aponta a própria existência da margem de erro, ela não é um retrato perfeito, o que nem mesmo o Censo Populacional é, embora com margem de erro mínima.

A combinação de várias pesquisas, com diferentes metodologias e realizadas em diferentes momentos, por outro lado, permite uma visão mais acurada e aprofundada da realidade. Tomando por base somente os dados de pesquisas Datafolha, a pesquisa realizada no final de 2009, com o Flamengo tendo se sagrado campeão brasileiro há poucos dias, mostrou uma preferência de 19% dos entrevistados pelo clube rubronegro, contra apenas 13% para o alvinegro. Já em 2010 a pesquisa mostrou um quadro diferente, apontando pela primeira vez um empate técnico entre as duas torcidas: 17% para o Flamengo e 14% para o Corinthians, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Passados pouco mais de dois anos, a mesma pesquisa (considerando autoria e metodologia) aponta um empate real, com 16% de preferência para cada uma.

O IBOPE, em pesquisa realizada para o diário esportivo Lance em 2010, e considerando para entrevistas pessoas com 10 ou mais anos de idade, apontou 17,2% para o Flamengo e 13,4% para o Corinthians. O mesmo instituto, em pesquisa que causou polêmica falsa e desnecessária, mostrou um empate entre as duas torcidas, com 13% para cada uma, em 12 diferentes regiões metropolitanas brasileiras. A incompreensão sobre o universo e a limitação geográfica provocou protestos sem sentido e levou a interpretações totalmente equivocadas.

Em 2012, pesquisa efetuada pela Pluri ouvindo pessoas com 14 e mais anos de idade, mostrou o Flamengo com 15% e o Corinthians com 13% de preferência entre os brasileiros.

Ainda nesse ano, o instituto Ipsos Marplan divulgou dados de pesquisa realizada em 13 grandes centros de consumo – doze regiões metropolitanas e mais interior de SP (lembrando, uma vez mais, que hoje o interior de SP é o maior pólo de consumo existente no Brasil) – e apontou o Corinthians como dono da maior torcida, com 19% da preferência, contra 17% para o Flamengo.

Finalmente, nesse final de ano temos essa situação de empate real – pelos dados da pesquisa – e que ocorre pela primeira vez, com os dois clubes tendo 16% das preferências declaradas, tomando por base pesquisas de abrangência nacional.

É cedo para afirmar se uma ou outra torcida é a maior e com quais números, mas o que tem ficado claro nos últimos anos é o crescimento da torcida corintiana. Essa situação, certamente, foi discutida na Gávea e voltará a ser discutida, agora com a nova direção. O que deve ser buscado nas discussões é o porquê de uma crescer mais e a outra crescer menos. Brigar com a realidade é como dar murro em ponta de faca: conduz a nada.