Conjunto Penal em Juazeiro: Agentes Penitenciários denunciam irregularidades trabalhistas, falta de higiene na unidade e de valorização profissional

(foto arquivo)

 

 

Agentes penitenciários do Conjunto Penal de Juazeiro, no Norte da Bahia, voltaram a procurar a redação do Portal Preto No Branco, com novas denúncias de irregularidades trabalhistas, que estariam ocorrendo na unidade.

Entre as insatisfações dos profissionais está a falta de reajuste salarial e valorização dos trabalhadores.

“Já são quase cinco anos que trabalho no CPJ e ouço colegas falarem que desde 2012 não há ajuste salarial. Em 2018, após a criação da Associação dos Agentes Comunitários e denúncias, a empresa resolveu dá um pequeno aumento de R$67,00 e uma insalubridade baseada no salário mínimo. Isso é vergonhoso, pois também aumentaram as taxas que pagamos para a alimentação, transporte e Plano de Saúde, além de cortaram o pagamento de assiduidade. É a mesma coisa de dar com uma mão e tomar com a outra. Arriscamos nossas vidas diariamente, tanto dentro como fora do presídio, lidando com presos perigosos. Além disso, subimos em caixas d’água com mais de 20 metros de altura para olhar os níveis, sem nenhum equipamento de segurança. Tudo isso para ganhar um salário miserável de R$1.480,00. Estamos brigando por melhorias para a nossa categoria que é desvalorizada. Somos perseguidos e sofremos represália da própria emprega que nos contratou”, relatou o agente James Dean.

O profissional também reclama da falta higiene no Conjunto Penal e de queimadas que estariam ocorrendo na unidade.

“O refeitório é uma imundice. Nas horas das refeições, não conseguimos sequer comer direito. Há uma infestação de moscas no local, por conta de uma lagoa de fezes que tem dentro da unidade. Isso é vergonhoso, um presídio desse não ter um esgotamento sanitário. Além disso, sempre no final da tarde a empresa faz uma queimação de roupas e colchões dos internos que recebem alvará de soltura no fundo da ala feminina. Fazem uma fogueira imensa e isso é muito prejudicial tanto para o meio ambiente, quanto para a saúde dos funcionários, e para as internas. Imagine uma pessoa está presa e ficar respirando uma fumaça. Muitas internas já passaram mal por conta dessa ação irregular que a empresa vem fazendo”, acrescentou.

O agente penitenciário Ivan Júnior também reclamou da falta de pagamento da periculosidade, um adicional pago a trabalhadores que desenvolvem atividades de risco.

“Após denúncias à Gerência Regional do Trabalho esteve no CPJ, determinou que fosse pago aos agentes a periculosidade, mas até hoje nunca recebemos esse acréscimo. Será que não veem onde a gente está trabalhando, o risco que estamos passando? Já acharam até arma branca dentro de um dos módulos. Será que um agente vai ter que se ferir para os nossos direitos serem atendidos?”,

Ivan reclamou ainda de mais uma mudança na nomenclatura da função que os profissionais realizam.

“Agora mudaram mais uma vez a nomenclatura para função. Disseram que agora somos Monitores de Ressocialização. Só que têm funções que nós, como monitores, não poderíamos fazer, mas fazemos sim, fazemos tudo que um agente penitenciário faz. No CBO está outra função e na carteira de trabalho tem outra nomenclatura”, concluiu.

O Conjunto Penal de Juazeiro foi inaugurado em 2006 e desde 2008 é, administrado pela Reviver Administração Prisional.

A redação do PNB está encaminhando as denúncias à Delegacia do Ministério do Trabalho, ao Conselho Municipal dos Direitos Humanos e também solicitou esclarecimentos a Reviver Administração.

Original :Preto No Branco