Moro libera transferência de 12 presos na Lava Jato para presídio

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O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, autorizou nesta segunda-feira a transferência de doze presos da carceragem da Polícia Federal no Paraná para uma ala no Complexo Médico Penal em Curitiba.

O pedido de transferência foi feito na sexta-feira pela Polícia Federal, sob a alegação de que a carceragem da PF já estava sem espaço por abrigar tantos presos da Lava Jato. O superintendente da PF no Paraná, delegado Rosalvo Ferreira Franco, argumenta que “está ficando inviável” acomodá-los.

“Com as novas prisões que ocorreram em 16 de março de 2015 e outras que por acaso possam ocorrem nos desdobramentos da Operação Lava Jato, já está ficando inviável ficarmos com todos os presos na nossa Custódia, tendo em vista que alguns presos não podem se comunicar entre si e fica difícil acomodá-los em apenas seis celas”, afirmou Franco na petição enviada à Justiça Federal do Paraná.

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Moro liberou doze transferências sob o argumento de que a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná disponibilizou uma ala no Complexo Médico Penal especificamente para os presos na Lava Jato – e que lá os executivos não teriam contato tão próximo com outros presos. “De fato, a carceragem da Polícia Federal, apesar de suas relativas boas condições, não comporta, por seu espaço reduzido, a manutenção de número significativo de preso”, afirma o juiz em sua decisão.

O contato com outros detentos em uma cadeia comum é um dos principais motivos pelos quais os executivos da Lava Jato não querem ser transferidos. “Não há que se presumir que os presos da Operação Lava Jato serão vítimas de alguma violência por parte de outros detentos. Entretanto, forçoso admitir que, pela notoriedade da investigação, há algum risco nesse sentido, o que justifica colocá-los, por cautela, em ala mais reservada”, avalia Moro.

Em inspeção do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público Federal no Paraná, todos os executivos de empreiteiras disseram aos procuradores da república que preferiam permanecer detidos na carceragem da PF. Com direito a receber de familiares e advogados produtos como barras de chocolate, biscoitos, garrafas de água de marcas premium, eles manifestaram interesse em permanecer no local.

Moro não autorizou a remoção do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró e do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC e apontado como chefe do clube do bilhão. O juiz alega que Cerveró já recebe assistência psicológica na carceragem da Polícia Federal e que a transferência de Pessoa foi negada a pedido do Ministério Público.

Os presos que deixarão a carceragem da PF são: Adir Assad, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Erton Medeiros Fonseca, Fernando Antônio Falcão Soares, Gerson de Mello Almada, João Ricardo Auler, José Aldemário Pinheiro Filho, José Ricardo Nogueira Breghirolli, Mario Frederico Mendonça Goes, Mateus Coutinho de Sá Oliveira, Renato de Souza Duque e Sergio Cunha Mendes.