Ele achou que um livro pararia uma bala. Agora está morto

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Tudo o que Pedro Ruiz desejava era se tornar uma estrela do YouTube. Mas seus planos para conseguir a fama foram longe demais

 

Pedro Ruiz III, um aspirante a estrela do YouTube, em Minnesota, passou horas tentando convencer sua namorada a atirar em seu peito. O que aconteceu depois foi uma ligação para a polícia, e a abertura de uma investigação criminal.

Segundo o que a namorada do rapaz, Monalisa Perez, de 19 anos, contou às autoridades locais, o jovem iria colocar um livro bem grosso para que impedisse a bala de atingir seu corpo.

Ele tinha evidências de que isso tinha funcionado uma vez — um livro diferente com um buraco de entrada da bala, mas sem buraco de saída.

Então, na noite de segunda-feira (26), o jovem casal colocou duas câmeras fora de sua casa e se preparou para o grande show. Eles queriam fama, disse a família, e o perigo muitas vezes a traz.

“Eu e Pedro provavelmente vamos fazer um dos vídeos mais perigosos de todos os tempos”, disse Perez em um tweet. “A ideia foi dele, não minha”.

Marco

O canal do casal já tinha 3 meses, e contava com o nome de “La Monalisa”. O conteúdo girava em torno de “daily vlogs” de suas vidas e de sua filha de 3 anos. Eles moravam em Halstad, Minnesota, uma pequena cidade na fronteira do Dakota do Norte entre Grand Forks e Fargo. Os vídeos geralmente eram feitos em sua casa, no carro, ou do consultório do médico, onde Perez revelou em maio que estava novamente grávida de um menino.

Outras brincadeiras foram surgindo nos vídeos como: rosquinhas com pó de bebê em vez de açúcar em pó, fingindo paralisia em uma cadeira de rodas no supermercado, escondendo pimentas picantes em um sanduíche de salada de ovos. Só nesta semana, Perez postou um vídeo de Ruiz brincando de ponta-cabeça em um túnel rotativo numa casa de diversão na feira do condado.

Mas o vídeo da bala no livro deveria ser um marco.

Alerta

De acordo com Valley News Live, a tia de Pedro, Claudia Ruiz, o alertou para não fazer isso. “Eu disse não faça isso, não faça. Por que você vai usar uma arma? Por quê?” Disse a tia ao garoto.

Sua resposta era simples: “Porque queremos mais espectadores”.

Com uma câmera ligada em uma escada e a outra apoiada na parte de trás de um carro, o casal encenou seu vídeo. Ruiz segurou o livro em seu peito e Perez segurou a arma, uma pistola de calibre .50 de calibre dourado, considerada “uma das armas semiautomáticas mais poderosas do mundo”.

A um passo de distância, Perez disparou.

Desta vez, a bala não parou no livro, e acertou Ruiz. Um médico tentou revivê-lo, disseram as autoridades, mas ele foi declarado morto em sua própria casa.

Reação dos vizinhos

Os vizinhos do casal disseram à afiliada local da emissora ABC que assistiram ao desenrolar da cena de longe.

“Todo mundo estava chorando”, disse um dos vizinhos, Wayne Cameron, à emissora. “Eu estava de pé atrás daquela árvore lá. E aconteceu. Eu simplesmente não aguentei mais, então eu tive que voltar para casa”.

Quando Perez chamou para a polícia às 18h30, ela disse aos telefonistas que o tiro foi acidental e explicava o plano do YouTube. Mais tarde, de acordo com os documentos, ela disse que seu namorado estava tentando convencê-la a atirar no livro “por algum tempo” e ela finalmente cedeu. Ela também falou sobre o outro livro no qual Ruiz atirou, aquele que bloqueou a bala e descreveu como era a arma com a qual ela atirou.

O xerife encontrou o jovem na grama, do lado de fora da casa.

Condenação

Perez foi presa na segunda-feira (26) por uma acusação de disparo imprudente. Na quarta-feira (28), essa acusação foi aumentada para homicídio de segundo grau. Ela foi liberada com uma fiança de US$ 7.000 após uma apresentação inicial ao tribunal, que ordenou usar uma tornozeleira eletrônica e ficar longe de armas de fogo. Se for condenada, ela pode pegar até dez anos prisão.

“Eles estavam apaixonados. Eles se amavam”, disse a tia de Ruiz. “Foi apenas uma brincadeira de mau gosto. Não deveria ter acontecido assim. Não deveria ter acontecido.”

Vida do casal

Claudia Ruiz descreveu Perez como uma namorada amorosa e uma boa mãe, que esteve com seu sobrinho por seis anos. De acordo com as contas das redes sociais de Perez, a jovem era uma mãe que gostava de ficar em casa. Parece que ela foi a câmera para muitos dos vídeos do casal no YouTube e muitas vezes compartilhava detalhes pessoais e íntimos com os espectadores.

“Nossos Vlogs mostrarão a vida real de um jovem casal que são pais adultos”, diz a descrição em seu canal. “Altos e baixos. Conquistas e lutas. Junte-se à diversão, siga nossa jornada!”

Em uma publicação no Facebook na semana passada, que incluiu uma publicação do vlog de seu passeio à feira, Perez escreveu que eles estavam no processo de fazer Ruiz ter seu próprio canal no YouTube. Ele se concentraria em “todas as coisas loucas”, escreveu ela. La MonaLisa seria sobre sua “vida familiar”.

Família

Perez havia discutido sobre o vídeo do livro antes do tiroteio, disseram membros da família ao canal KVRR. Junto com Perez e amigos, eles tentaram convencê-lo de desistir da ideia.

“Eu queria que eles não tivessem feito isso”, disse Claudia Ruiz. “Ele era tão jovem. Ele tinha tantas coisas para fazer ainda”.

Outra tia, Lisa Primeau, disse que “praticamente criou” Pedro Ruiz depois que sua mãe morreu no Texas quando era criança . Ruiz estava sempre “colocando um toque perigoso em tudo o que fazia”, disse Primeau ao jornal Minneapolis Star Tribune, como saltar do topo da casa para a piscina.

“Nós o chamávamos de nosso pequeno destemido”, disse Primeau ao Star Tribune.

As tias disseram que todos estão apoiando Perez. Eles querem chamar seu próximo bebê de Pedro, em homenagem ao pai.

“É um trágico incidente. O que ela fez… ela terá que viver com isso. É a pior punição que ela pode ter”, finalizou Primeau.

Traduzido por: Guilherme Dias