AIDS Felina: entenda a importância de manter seus gatos seguros em casa

A doença é provocada por um vírus semelhante ao HIV e pode matar

 Fred foi um gatinho resgatado das ruas. Embora a família humana não soubesse precisar exatamente a idade do peludo, cerca de dois anos depois que foi domiciliado, o felino começou a apresentar perda de apetite, os pelos caiam muito e uma diarreia insistia em lhe roubar a alegria, mesmo sem que houvesse qualquer mudança na dieta feita basicamente com rações secas e petiscos úmidos específicos. “Ficamos muito preocupados porque junto com ele, havíamos adotado outros três gatos”, conta a ‘mãe’ Paula Amorim.
(Foto: Divulgação)

No veterinário, o diagnóstico: Fred havia contraído o Vírus da Imunodeficiência Felina(VIF/FIV). Semelhante ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), a doença pode ser fatal de 15 a 45% dos casos. De acordo com o veterinário Cléber Fontana, diretor clínico do hospital Pet Care, a forma mais comum de transmissão é por meio das brigas, especialmente através de mordidas. “Também pode ocorrer durante transfusões de sangue, em que o sangue está contaminado, ou de mãe para filhote durante o parto ou amamentação”, explica. O médico salienta ainda que os gatos infectados podem manter uma aparência saudável por vários anos, no entanto, é importante estar atento aos sintomas como a má qualidade do pelo, febre, falta de apetite, diarreia, inflamação da mucosa oral (gengivite/estomatite), doenças oftalmológicas, alterações neurológicas. “Esses sintomas podem estar relacionados à doença em si ou às doenças secundárias, o diagnóstico precoce das doenças secundárias é fundamental para garantir a instituição imediata da terapia mais apropriada e o sucesso do tratamento”, diz.

O diagnóstico do FIV se dá por meio da detecção de anticorpos contra o vírus no sangue, por meio de exames sorológicos pelos métodos ELISA e Imunocromatografia. “Bem como no caso da AIDS em humanos, este primeiro teste, de triagem, deve ser confirmado ou repetindo-se o mesmo exame após 30 a 60 dias do exame inicial ou por meio de um exame mais específico, o Western Blot”, esclarece o médico.

Cléber Fontana diz que ainda não existem tratamento comprovadamente eficazes e específicos para o FIV. “Existem alguns fármacos novos e promissores no mercado, como alguns imunomoduladores (medicações que modulam o sistema imunológico do animal na tentativa de combater o vírus). No entanto os dados que temos são basicamente os do fabricante e ainda faltam estudos clínicos controlados para comprovar sua real eficácia”, diz, destacando que o manejo dos animais soropositivos consiste basicamente em protegê-los das doenças oportunistas, as quais podem, inclusive, levar à progressão da FIV propriamente dita.O médico destaca ainda que todos os gatos, ao serem resgatados, devem ser testados e separados dos demais até que seu status de infecção seja confirmado. “Os filhotes devem ser mantidos separados até os 6 meses de idade, uma vez que antes disso o resultado do teste pode ser mascarado pela presença dos anticorpos maternos circulantes e, portanto, não ser confiável”, ressalta.

Para Fontana, confinar os gatos sem acesso à rua evita tanto o risco de infecções secundárias quanto da transmissão do VIF para outros animais. “Os gatos assintomáticos devem ser castrados. Essa medida reduz a agressividade em gatos machos e o, consequentemente, reduz também o risco da transmissão”, completa, lembrando que os gatos soropositivos devem fazer consultas veterinárias pelo menos a cada 6 meses para avaliação de seu estado geral de saúde, exames laboratoriais de rotina e controle de peso. O veterinário orienta ainda que os gatos soropositivos devem ser mantidos separados dos soronegativos, tanto para evitar a disseminação da doença quanto para evitar que contraiam infecções secundárias.

Fonte: correio24horas