Gustavo Mendes: “A família só aceitou minha profissão depois que assinei com a Globo”

Convicto de suas escolhas e com um empurrãozinho da avó, Dona Risa, Gustavo Mendes saiu da pequena cidade de Guarani, em Minas Gerais, e agora faz a sátira da Presidenta Dilma Rousseff no Casseta & Planeta Vai Fundo, da Globo. De uma família com forte tradição no ramo dos laticínios, Gustavo sempre desejou seguir em outra direção. Queria mesmo trabalhar na tevê.

“Quando criança, eu montava um estúdio em casa e apresentava meu próprio programa”, entrega.

Assim que acabou o colégio, foi para Juiz de Fora, também em Minas, e começou a se apresentar em bares da região. Para sua família, o fato de Gustavo não estudar em um curso técnico foi um embate. Para conseguir se manter, ele contava com a cobertura da avó, sua maior fã.

“Minha família só aceitou mesmo minha profissão quando assinei o contrato com a Globo”, confessa.

Apesar das limitações de crescer em uma cidade pequena, Gustavo vê vantagens em ter nascido em Guarani.

“Você conhece todo mundo, é mais independente. As crianças têm muito mais liberdade”, compara.

Com pouco contato com teatro na infância e na adolescência, era a igreja que fascinava o humorista. Gustavo começou a se interessar pela religião evangélica aos treze anos e acabou levando toda a família para os cultos.

“Era a única ideia de palco que eu tinha. Achava fascinante o pastor falando e as pessoas maravilhadas, entretidas, tendo suas vidas influenciadas”, conta.

Hoje, no entanto, Gustavo não é praticante declarado de nenhuma religão, apesar de garantir que tem sua fé e espiritualidade.

“Fora do meu quarto, eu não posso. O comediante tem a função de rir disso, de ser o dedo na ferida”, argumenta.

A criação de Dilma foi natural, segundo Gustavo. Em uma reunião de amigos, foi decidido criar um blog de conteúdo humorístico. Nele, teria um pronunciamento semanal de algum político. O primeiro vídeo calhou de ser sobre Dilma Rousseff, ainda em campanha eleitoral.

“Há quem diga, embora eu discorde, que eu me pareço com ela”, brinca.

A repercussão foi tão boa, que nem chegou a ter um segundo político.

“Da noite para o dia, tínhamos 70 mil visualizações”, conta.

A partir do sucesso inicial, Gustavo foi convidado para postar seus vídeos no site Kibeloco, de Antônio Tabet. A imitação agradou a equipe do Casseta & Planeta, que o chamou para trabalhar na tevê.

“Até a própria Dilma me ama. E me ama muito”, assegura o ator, lembrando que a Presidente já recomendou seus vídeos até para líderes de outros países.

Em voga atualmente, com o sucesso dos espetáculos de humor, seja na tevê, cinema ou teatro, está o termo politicamente correto. O que Gustavo considera uma grande hipocrisia, já que o objetivo do humor é exatamente fazer graça de diversas situações.

“O humor tem de ter limite, sim. Mas não este imposto. O limite é o bom senso”, avalia.

Adepto de um tipo de comédia mais popular, Gustavo tem uma relação muito próxima com os fãs.

“Eles acabam se tornando uma família. Apoiam, sacaneiam e debocham. São meus maiores críticos.”, revela

Após atuar em Cheias de Charme e emendar com Casseta & Planeta Vai Fundo, que já teve seu fim anunciado, Gustavo continua contratado pela Globo.

“Estou apresentando projetos”, adianta. O que já está certo é que sua imitação da Presidente voltará para a internet.

“Sem limites e sem a censura obrigatória na tevê”, complementa.

Entre atuar, improvisar e satirizar, Gustavo conta que prefere trabalhar em produções como séries ou novelas.

“Minha praia é atuar. Me considero um ator razoável”, pontua.

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