Golpe dos nudes: homem perde R$ 18 mil após ser extorquido por estelionatária

 

Ilustração: homens caem em golpe após serem seduzidos por perfis de mulheres em redes sociais

(Foto: Gabriel Renner / Agência RBS)

*Por Vitor Rosa

Trocar fotos íntimas pela internet virou um campo fértil para estelionatários. Nos últimos meses, homens procuraram a Polícia Civil para contar que foram vítimas do “golpe dos nudes” em três cidades do Rio Grande do Sul: Torres (duas denúncias), Cachoeirinha (uma denúncia) e Portão (cinco denúncias).

De acordo com a Polícia Civil, todos os golpes seguiram o mesmo roteiro. O perfil de uma mulher jovem faz um convite de amizade em uma rede social. O homem aceita e as pessoas começam a trocar mensagens. Com o andamento da conversa, ambos enviam fotografias íntimas — as chamadas “nudes”.

Logo depois, o perfil falso afirma que a mulher interpretada é uma adolescente, de pouco mais de 15 anos. Quase que simultaneamente, um outro criminoso aparece se dizendo pai da menina e faz uma revelação: afirma ser um policial civil e promete denunciar o homem para as autoridades, a não ser que pague pelo silêncio.

No caso mais recente, no início de agosto, em Torres, município do litoral gaúcho, o falso agente solicitou o valor de R$ 11,6 mil para não denunciar o caso às autoridades. A vítima procurou um advogado e, juntos, foram até a delegacia da cidade.

Já em Cachoeirinha, cidade da região Metropolitana de Porto Alegre, no mês passado, o crime deu certo para os bandidos. Um homem casado envolveu-se em uma troca de mensagens com o estelionatário, primeiro pelo Facebook, depois no WhatsApp. O homem chegou a enviar uma foto sua despida, o que foi a arma usada pelo criminoso para chantageá-lo. Ele acabou fazendo três depósitos, que somaram aproximadamente R$ 20 mil, em contas dos criminosos.

Após ser vítima, o homem, acompanhado de um advogado, procurou a Polícia Civil de Cachoeirinha.

Golpe dos nudes
(Foto: Reprodução/Arte GaúchaZH)

O delegado Leonel Baldasso informa que identificou a pessoa que recebia os depósitos: uma mulher, sem antecedentes criminais, de aproximadamente 30 anos. Ela está cadastrada como visitante de um presidiário. O fato reforça a suspeita da polícia de que a organização para o crime parte de dentro de casas prisionais.

— A maioria das vítimas é pessoa casada. O criminoso que ligou sabia detalhes sobre a vida da vítima através de análise de engenharia social. Adicionam ou seguem vários próximos do alvo. Chegaram a perguntar sobre aniversário da sobrinha desse caso em específico. A vítima casada, com medo de arruinar sua vida, preferiu pagar e alimentar os bandidos — declarou Baldasso.

A investigação em Cachoeirinha ainda depende de autorização de pedidos feitos à Justiça.

O delegado Juliano Aguiar, responsável pela investigação de Torres, informou que há um outro caso também na cidade e mais relatos chegando de outras cidades do Estado. Por isso, apura o crime com colegas de outras delegacias.

— Os crimes têm o mesmo modus operandi e, aparentemente, foram feitos pelo mesmo grupo — alerta o policial.

 

Como não cair no golpe:

– Evite iniciar conversas por meio de aplicativos de mensagens com perfis desconhecidos.

– Não troque fotografias, que possam ter conotação íntima, por meio de aplicativos, como WhatsApp ou Messenger.

– Evite conversas por meio de aplicativos com prefixo telefônico desconhecido.

– Não faça depósitos, transferências ou pagamentos para desconhecidos.

– Se for vítima de algum golpe ou de tentativa de abordagem desse tipo, procure a polícia e registre ocorrência.

Por GaúchaZH